Nos últimos anos, o crescimento exponencial do marketing digital gerou uma explosão de novos termos e títulos profissionais, entre a galera que vende cursos e mentorias, um deles em particular ganhou evidência, o “gestor de tráfego”.
Apesar de sua popularidade, essa nomenclatura suscita debates intensos e críticas severas. Será que, ao nos concentrarmos tanto em “gerir tráfego”, estamos negligenciando aspectos mais críticos que determinam o sucesso de uma campanha digital?
Como professor de MBA e consultor, vejo frequentemente a fixação em métricas de visibilidade como o número de visitantes ao website, mas esse é apenas a ponta do iceberg. Campanhas de sucesso não se medem pela quantidade de tráfego que conseguem gerar, mas sim pela qualidade e relevância desse tráfego – algo que termos como “gestor de tráfego” falham em capturar.
Boa parte dessa crença se deve ao fato que Gestores de Tráfego acabam por se especializar na venda de infoprodutos como e-books e cursos online. A estratégia para tal se baseia em criar e-books e cursos genéricos capazes de capturar o interesse da mais ampla audiência possível e, nesse caso, a estratégia de tráfego se assemelha a “pesca de arrasto”. Caso totalmente diferente de um produto voltado a uma audiência específica ou empresas B2B onde se torna necessário a definição precisa do perfil do cliente e de um plano de onde encontrá-lo e como impactá-lo de forma eficaz.
A eficácia de uma campanha digital de performance se reflete em indicadores mais complexos e significativos como o Custo de Venda ou Custo de Aquisição do Cliente, 0 Lifetime Value (LTV), a taxa de conversão e, especialmente, a precisão da segmentação da audiência. Alcançar a pessoa certa, no momento certo, com a mensagem adequada não é apenas uma questão de números, mas de estratégia e profundidade de entendimento do mercado e do comportamento humano.
Esses dias estava assistindo uma Live do Pedro Sobral, um dos mais fervorosos advogados do termo “Gestor de Tráfego”. Dizia ele, de forma enfática, que Gestores de Tráfego não fazem os criativos (os anúncios em si). Os criativos devem ser fornecidos pela empresa cliente. Como assim? Os anúncios devem fazer parte integrante da estratégia das campanhas online de Marketing de Performance visto que representam até 40% do sucesso de uma campanha.
Para os empreendedores, gestores, C-levels e gerentes de marketing, é crucial entender que a gestão de marketing digital é multifacetada. Envolve não só conhecer as ferramentas de geração de tráfego, mas também dominar a arte da persuasão digital, a psicologia do consumidor e as dinâmicas de um mercado cada vez mais saturado e competitivo.
Este entendimento mais amplo sugere que talvez seja o momento de reformularmos, ou abandonarmos de vez, o termo “gestor de tráfego”.
A adoção da terminologia “Marketing de Performance” poderá não apenas melhorar a compreensão sobre o verdadeiro trabalho desses profissionais, mas também elevar o padrão da indústria, destacando a importância de estratégias que vão além do superficial e buscam resultados concretos e duradouros.
Portanto, se você é um profissional ou líder na área de marketing, questione-se: estamos utilizando o melhor vocabulário para descrever nossas funções e responsabilidades? Ou será que estamos presos a termos que não servem ao nosso propósito?
Marcos Figueira é sócio da Wyse Brandformance (https://wyse.com.br), um mix de agência e consultoria especializada em Branding e Marketing que atuam de forma integrada.