Primal Branding

Desvendando os Segredos das Marcas que Conquistam Corações e Mentes

Ah, Primal Branding! Uma viagem ao cerne da criação de marcas que se entranham na alma, não só ocupando um espaço na estante ou no histórico de navegação, mas gravando-se no panteão dos ícones culturais. Essa jornada não é para os fracos ou para aqueles contentes com o superficial. Mergulhemos nesse abismo misterioso, guiados por histórias e exemplos que iluminam o caminho.

Primal Branding, conceito arquitetado pelo visionário Patrick Hanlon, é menos uma estratégia e mais um rito de passagem para marcas que aspiram a transcendência. Hanlon, num momento de clarividência, desvendou os componentes que fazem uma marca ser mais do que um logotipo ou um slogan; ele identificou as fibras do DNA de marcas que se tornaram quase religiões para seus seguidores.

Imagine, por um momento, marcas como Apple, Google ou Nike. O que elas têm em comum? Uma legião de seguidores fiéis, que mais parecem devotos do que consumidores. Mas como conseguiram esse feito? A resposta, meus caros, está no Primal Branding.

Segundo Hanlon, existem sete elementos-chave que, quando habilmente entrelaçados, criam uma “lenda de marca” poderosa e atraente:

1. A Criação

A história de origem de uma marca não é apenas sobre como ela foi fundada, mas serve como um mito fundador, conectando consumidores aos valores centrais da empresa. Além da garagem da Apple, temos a Amazon, que começou como uma livraria online na garagem de Jeff Bezos. Essas histórias ressoam porque falam de humildade, inovação e o espírito indomável de seus fundadores. No mundo da moda, a Patagonia se destaca com sua história de compromisso com a sustentabilidade, começando com um pequeno grupo de alpinistas preocupados com o impacto ambiental do esporte.

2. O Credo

O credo de uma marca é a sua bússola moral, aquilo em que acredita profundamente. A Tesla, por exemplo, não é apenas sobre carros elétricos; é sobre acelerar a transição do mundo para a energia sustentável. Isso fala diretamente aos valores de seus consumidores, que veem a marca não apenas como um fabricante de automóveis, mas como um movimento em direção a um futuro melhor. A Ben & Jerry’s, com seu compromisso com a justiça social e ambiental, é outro exemplo poderoso, posicionando a marca como uma força para o bem em um setor tão competitivo quanto o de sorvetes.

3. Os Ícones

Ícones são os totems visuais e sensoriais que imediatamente evocam a essência de uma marca. O frasco de Coca-Cola é um exemplo clássico, tão icônico que se tornou sinônimo da marca em si. Da mesma forma, o aroma único das lojas da Lush Cosmetics cria uma experiência sensorial distintiva que imediatamente imerge o consumidor no mundo da marca. Esses ícones são atalhos poderosos, capazes de evocar toda uma gama de emoções e associações em um instante.

4. Os Rituais

Rituais reforçam a conexão entre a marca e seu público, criando momentos de engajamento que se tornam hábitos. A Starbucks transformou a compra do café matinal em um ritual, com suas opções personalizáveis e ambiente acolhedor. Outro exemplo é a forma como os fãs da Apple aguardam e celebram o lançamento de novos produtos, um ritual que fortalece a comunidade e mantém a marca no centro das conversas tecnológicas.

5. Os Pagãos

Identificar um inimigo comum pode unir a comunidade da marca. A Beyond Meat posiciona-se contra a indústria tradicional de carnes, apelando para consumidores preocupados com saúde, meio ambiente e bem-estar animal. Esse posicionamento cria um senso de propósito compartilhado, atraindo consumidores que querem fazer parte da solução. Da mesma forma, a REI se posiciona contra o consumismo desenfreado, fechando suas lojas em Black Friday para encorajar as pessoas a passarem mais tempo ao ar livre.

6. Os Sacramentos

Os sacramentos são os produtos ou serviços que materializam os valores da marca. A Lego, por exemplo, vai além de simples brinquedos, promovendo a criatividade e a aprendizagem através do jogo. Cada kit Lego é um sacramento dessa filosofia, incentivando a imaginação e a inovação. Da mesma forma, o serviço de streaming da Netflix transformou a maneira como consumimos entretenimento, oferecendo uma vasta biblioteca de conteúdo que respeita a liberdade do usuário de assistir o que quiser, quando quiser.

7. Os Líderes

No coração de cada marca primal, existe uma figura ou grupo de figuras carismáticas que servem não apenas como líderes, mas como encarnações vivas dos valores e credos da marca. Esses líderes não são meros CEOs ou fundadores; eles são os evangelizadores, os rostos humanos por trás dos logos, transformando suas visões pessoais em movimentos culturais que reverberam muito além dos produtos ou serviços que suas empresas oferecem.

Elon Musk é frequentemente citado como um desses líderes emblemáticos, mas ele não está sozinho nessa habilidade de personificar e comunicar uma visão de mundo que cativa e mobiliza massas. Richard Branson, da Virgin, com seu espírito aventureiro e abordagem irreverente aos negócios, encapsula a essência de inovação e desafio ao status quo, características centrais das diversas empresas sob o guarda-chuva da Virgin.

Outro exemplo poderoso é Yvon Chouinard, fundador da Patagonia. Sua paixão pelo meio ambiente e sustentabilidade não apenas define a direção da empresa, mas também ajudou a moldar uma cultura corporativa profundamente comprometida com a responsabilidade ambiental. Através de suas ações e advocacia, Chouinard se tornou um ícone para consumidores que valorizam a sustentabilidade, reforçando a posição da Patagonia como uma marca que verdadeiramente vive seus valores.

Cada um desses elementos contribui para a tapeçaria rica e complexa de uma marca bem-sucedida. Ao tecer essas peças juntas, as marcas não apenas vendem produtos ou serviços, mas convidam seus consumidores para participar de uma história maior, uma comunidade com valores compartilhados e uma identidade coletiva. Essa abordagem holística à construção de marcas cria laços duradouros e transforma consumidores em verdadeiros evangelistas da marca, prontos para espalhar sua fé no mundo.

Tanto emm minha experiência acadêmica, como professor em cursos de MBA, quantonos workshops e consultoria com os clientes da Wyse, enfatizo a importância desses elementos não como checklists a serem marcados, mas como parte de uma tapeçaria complexa e interligada que cada marca deve tecer com cuidado. Meus alunos são desafiados a pensar além do produto ou serviço, mergulhando na mitologia de suas marcas, construindo não apenas empresas, mas culturas.

Tomemos, por exemplo, uma marca emergente no cenário dos NFTs, um terreno ainda selvagem e vastamente inexplorado. A aplicação dos princípios do Primal Branding nesse contexto poderia não apenas diferenciá-la em um mercado saturado, mas criar uma comunidade fervorosa de seguidores, prontos para defender sua marca nas guerras digitais que se avizinham.

Para infundir a essência do Primal Branding em uma marca, é necessário ir além do superficial. Não basta ter um bom produto; é preciso criar um universo em torno dele. Um universo que ecoe nos corações e mentes, que se torne um totem, um ponto de encontro para os afins.

Enquanto trilhamos esse caminho menos percorrido, lembremos que marcas poderosas, aquelas que resistem ao teste do tempo e das mudanças do mercado, são as que se ancoram nos elementos primais, criando não apenas consumidores, mas verdadeiros devotos, advogados ferozes da marca. Assim, o Primal Branding não é apenas uma estratégia de marketing, mas uma odisséia na criação de mitos modernos. Uma jornada que, quando bem-sucedida, transforma o mercado em um mosaico de histórias entrelaçadas, onde cada marca é uma constelação, brilhando no céu da cultura contemporânea.