Muitas empresas ainda enxergam o Branding como uma estratégia voltada exclusivamente para o longo prazo, algo que só dará retorno depois de anos de investimento. Mas essa percepção não reflete a realidade. Embora seja inegável que construir uma marca sólida leve tempo, os resultados do Branding podem – e devem – ser visíveis no curto prazo. A verdade é que, com as ações certas, é possível elevar a percepção de valor de um produto ou serviço quase que instantaneamente, impactando diretamente os resultados financeiros.
Vamos explorar como o Branding pode gerar benefícios imediatos e por que ele não deve ser tratado como um mero “custo” a ser recuperado só lá na frente.
A embalagem: muito mais que proteção
Imagine entrar em um supermercado. Você precisa escolher um café entre várias opções. Um deles vem em uma embalagem simples e funcional, enquanto o outro está envolto em um design sofisticado, que transmite elegância e qualidade. Qual você escolheria? Se sua resposta foi o segundo, parabéns, você acabou de cair no poder do Branding instantâneo.
A embalagem é um dos exemplos mais claros de como o Branding pode afetar a percepção de valor e, consequentemente, o comportamento do consumidor no curto prazo. De acordo com um estudo da Harvard Business Review, 52% dos consumidores baseiam suas decisões de compra no design da embalagem. Isso significa que pequenas mudanças, como uma nova identidade visual, podem transformar completamente o apelo de um produto e alavancar suas vendas.
Essa é uma estratégia que marcas como a Coca-Cola e a Nestlé dominam com maestria. Ambas, além de investir pesado no marketing de longo prazo, apostam constantemente em inovações visuais de seus produtos para atrair novos consumidores e aumentar o ticket médio. No caso da Coca-Cola, por exemplo, edições limitadas de latas com designs exclusivos criam uma sensação de urgência e colecionabilidade, impactando diretamente as vendas no curto prazo.
A experiência de compra: o Branding sensorial
Outro exemplo de como o Branding gera impacto imediato está na experiência sensorial que uma marca proporciona. Pense nas lojas da Apple. Desde o layout minimalista até o atendimento personalizado, tudo é projetado para que o cliente sinta que está adquirindo muito mais do que um produto: ele está comprando uma experiência. E isso começa no primeiro contato, seja ao entrar na loja ou ao abrir a caixa de um novo iPhone.
O Branding sensorial tem a capacidade de mexer com as emoções do consumidor e, em muitos casos, pode ser determinante na conversão da venda. Pesquisas da McKinsey mostram que 71% dos consumidores esperam que as empresas ofereçam interações personalizadas e 76% se frustram quando isso não acontece. Isso evidencia que o investimento em Branding pode, sim, gerar retornos rápidos ao estabelecer uma conexão emocional quase imediata com o cliente.
Além disso, empresas que se preocupam com detalhes sensoriais – como fragrâncias, iluminação ou até mesmo o som ambiente – conseguem criar uma experiência única que fica na memória do consumidor. Ou seja, Branding não é apenas sobre o que a marca diz, mas também sobre o que ela faz o consumidor sentir no momento da compra.
Promoções inteligentes: reforçando o Branding com ações pontuais
Se engana quem pensa que promoções são apenas táticas de vendas. Elas podem e devem ser usadas para reforçar o posicionamento da marca. E esse reforço de marca também pode gerar resultados rápidos. Um exemplo clássico é a famosa Black Friday. Muitas empresas usam esse momento para “queimar” estoques ou atrair consumidores pela oferta de preços baixos. Contudo, marcas que têm um Branding bem trabalhado conseguem fazer isso de forma estratégica, sem prejudicar a percepção de valor.
A Apple, por exemplo, é conhecida por raramente fazer grandes promoções de seus produtos principais, mas quando o faz, mantém o foco em reforçar a exclusividade de sua marca. Em vez de descontos massivos, a empresa oferece condições especiais em acessórios ou serviços complementares, mantendo o padrão de qualidade e, ao mesmo tempo, aumentando o valor percebido do pacote como um todo.
Marcas menores podem aplicar a mesma lógica: promoções que não sejam apenas um apelo ao preço, mas uma oportunidade de fortalecer a narrativa da marca e gerar engajamento. Assim, além de gerar vendas rápidas, a marca também reforça seu valor no mercado.
O poder das parcerias estratégicas
Parcerias também são uma ferramenta de Branding que pode gerar resultados imediatos. Ao se associar com uma marca ou influenciador que já tem um público cativo, a empresa pode aumentar sua visibilidade e gerar conversões rápidas. Um bom exemplo é a colaboração entre a Adidas e Kanye West, que resultou no lançamento da linha Yeezy. O sucesso foi tão imediato que, em poucas horas, os produtos estavam esgotados.
Aqui, o Branding de curto prazo se alia à construção de uma marca forte no longo prazo. A Adidas não só viu um aumento nas vendas instantaneamente, como também associou sua marca a um ícone da cultura pop, o que ajudou a construir sua reputação de marca inovadora e conectada com o público jovem.
Resultados no curto prazo sustentam o longo prazo
O Branding eficaz vai além de construir uma imagem de longo prazo. Ele atua de forma dinâmica, influenciando as decisões dos consumidores em momentos-chave e gerando resultados tangíveis em curto espaço de tempo. Pequenos ajustes, como a reformulação de uma embalagem, a criação de experiências sensoriais, promoções alinhadas ao posicionamento e parcerias inteligentes, são exemplos de como uma estratégia bem orquestrada pode trazer benefícios rápidos sem perder de vista a consolidação da marca ao longo dos anos.
Portanto, ao tratar o Branding como um investimento contínuo e versátil, as empresas conseguem não só gerar vendas imediatas, mas também pavimentar o caminho para um legado duradouro. Afinal, a percepção de valor construída no curto prazo pode ser o ponto de partida para a lealdade que garantirá o sucesso a longo prazo.
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Marcos Figueira é sócio da Wyse Brandformance (https://wyse.com.br), um mix de agência e consultoria especializada em Branding e Marketing que atuam de forma integrada.
Referências
Harvard Business Review. (2020). The Value of Design in Packaging.
McKinsey & Company. (2021). Brand Loyalty and Emotional Connection: The New Frontier.
McKinsey & Company. (2021, November 2). The value of getting personalization right—or wrong—is multiplying.