Quatro habilidades essenciais ao uso da IA

Na era da tomada de decisões orientadas por dados, somos inundados com mais informações do que sabemos lidar. Parte da arte e ciência de trabalhar com esses dados envolve sondar fontes, questionar suposições e encarar os insights com humildade. Isso requer uma série de habilidades, especialmente agora que as unidades de negócios estão se tornando mais autônomas na identificação e implementação de casos de uso, graças à IA Generativa.

Uma habilidade crucial para quem trabalha com dados e IA é a formulação de problemas. Traduzir o que se espera de uma ferramenta de IA em um problema bem definido é essencial para que os modelos possam processá-lo adequadamente. Sem uma compreensão clara do problema a ser resolvido, as solicitações para a IA não serão eficazes, não importa quão bem elaboradas. Matheus Ferreira, cofundador da 7D Analytics, ressalta: “Sem um problema bem formulado, mesmo as instruções mais sofisticadas serão insuficientes.” Imagine uma empresa de logística que deseja otimizar suas rotas de entrega. Se não definir claramente o que significa “ótimo” (custo, tempo, ou ambos), a solução da IA pode não atender às suas necessidades.

Infelizmente, a formulação de problemas é uma habilidade muitas vezes negligenciada e subdesenvolvida. Um dos motivos é a ênfase excessiva na resolução de problemas, em detrimento da sua formulação. Este desequilíbrio é bem ilustrado pelo ditado de gestão, “Não me traga problemas, traga-me soluções”, que acaba por desvalorizar a importância de definir corretamente os problemas. Como ilustração, lembre-se de Thomas Edison, que dizia: “Eu não falhei. Apenas descobri 10.000 maneiras que não funcionam.” Sua persistência em redefinir problemas até encontrar a solução certa é um exemplo claro da importância dessa habilidade.

Outra habilidade essencial é a manipulação de dados, que envolve organizar dados brutos em um formato utilizável. Não é à toa que os gestores de dados estão empenhados em fazer de 2024 o ano das soluções de gestão de dados, abraçando novos casos de uso. Por exemplo, uma empresa de e-commerce pode reunir dados de diversas fontes (vendas, redes sociais, feedback de clientes) e transformá-los em insights acionáveis para melhorar a experiência do cliente.

Além disso, interpretação e pensamento crítico são cada vez mais importantes para extrair insights significativos dos resultados gerados pelas ferramentas de IA. Saber o que perguntar e como interpretar as respostas é fundamental tanto para usuários corporativos quanto para profissionais de dados. Matheus Ferreira explica: “A IA Generativa tem se mostrado especialmente útil como copiloto para funcionários seniores, que possuem discernimento suficiente para filtrar alucinações e utilizar os resultados de maneira eficaz para tomar melhores decisões.” Um exemplo prático é o uso da IA para análise de sentimentos em redes sociais. Sem uma interpretação crítica, uma empresa pode tomar decisões erradas baseadas em dados superficiais.

A sua empresa possui as habilidades necessárias para escalar o uso da IA? A reflexão sobre essas habilidades não é apenas teórica, mas prática e urgente para qualquer organização que deseja se manter competitiva na era digital.

Marcos Figueira é sócio da Wyse Brandformance (https://wyse.com.br), um mix de agência e consultoria especializada em Branding e Marketing que atuam de forma integrada.

Referências Bibliográficas

Ferreira, M. (2023). Comunicação pessoal.

Harvard Business Review. (2018). Data-driven decision making. Harvard Business Review Press.

Edison, T. (n.d.). Quotes about failure. Retrieved from https://www.goodreads.com/quotes/tag/failure

Srinivasan, V. (2020). Artificial intelligence: Applications and implications. Springer.