Memes? O que são Memes?
Sobre Memes e a Memética
Com a popularização das redes sociais online, e a sua potencial capacidade na propagação viral da informação, o conceito de memes ganhou relevância.
Meme é um termo cunhado por Richard Dawkins em seu bestseller O Gene Egoísta (Dawkins, 1976). É, para a memória, o análogo do gene na genética, a sua unidade mínima. É considerado como uma unidade de informação que se multiplica de cérebro em cérebro, ou entre locais onde a informação é armazenada (como livros) e outros locais de armazenamento ou cérebros. No que diz respeito à sua funcionalidade, o meme é considerado uma unidade de evolução cultural que pode de alguma forma auto propagar-se. Os memes podem ser idéias ou fragmentos de idéias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida enquanto unidade autônoma. O estudo dos modelos evolutivos da transferência de informação é conhecido como memética.
O termo memes é derivado no latim, que significa ‘lembra-te’. O radical mem significa pensar.
Quando utilizado em um contexto coloquial e não especializado, o termo meme pode significar apenas a transmissão de informação de uma mente para outra. Tal apropriação aproxima o termo da analogia da “linguagem como vírus”, afastando-o do propósito original de Dawkins, que procurava definir os memes como replicadores de comportamentos.
Dawkins (1976) observou que as culturas podem evoluir de modo muito similar ao das populações de um organismo. De uma geração para a seguinte, podem ser passadas idéias que podem vir mesmo a determinar a sobrevivência dos indivíduos.
Como proposto pelo sociólogo francês Gabriel Tarde (2013), a característica chave de um meme é que ele se propaga pela imitação. Quando a imitação surgiu evolutivamente nos humanos, isso veio a revelar-se um bom “truque”, pois aumentava a capacidade individual de se reproduzir geneticamente.
Também como Darwin propunha em relação à evolução das espécies, também os memes estão associados a um mecanismo de seleção que irá determinar quais serão efetivamente passados, ou replicados, às gerações futuras.
Assim como o conceito de egoísmo genético pode ser utilizado para uma melhor compreensão do modo como funciona a evolução biológica, o conceito de meme pode ser igualmente utilizado para compreender alguns aspectos da cultura humana que de outra forma careceriam de uma explicação suficientemente adequada.
Dawkins sublinha que um meme, assim como um gene, não faz ou deseja qualquer coisa intencionalmente. Simplesmente é (ou não) replicado de forma passiva.
Compreender os memes é fundamental para a compreensão de como a informação, idéias, conceitos e valores se propagam de modo viral nas redes sociais. Dawkins identificou alguns fatores que influenciam a sua disseminação:
Experiência
Se um meme não apresenta uma correlação com o universo de experiência de um indivíduo, então será menos provável que este acredite nesse meme.
Felicidade
Se um meme faz com que um indivíduo se sinta mais feliz, então será mais provável que acredite nele (ex.: a ideia de que se será recompensando depois da morte pelos atos cometidos em vida, tipo: “faça isso assim e irá para o Paraíso depois da morte”).
Medo
Se um meme constitui uma ameaça, os indivíduos podem ser levados a crer nele pelo medo. (é o exemplo oposto ao anterior: “se você fizer alguma coisa ou não fizer outras, irá arder eternamente no inferno).
Economia
Se um meme tende a ser portado por pessoas ou organizações que têm influência econômica, então provavelmente se beneficiará de uma maior audiência. Se um meme tende a aumentar as riquezas de um indivíduo portador, provavelmente irá disseminar-se pela mesma razão. Entre os memes deste tipo incluem-se ideias tão simples quanto a de que “o trabalho duro é bom” e “as coisas mais importantes devem vir em primeiro lugar”.
Censura
Se uma grande e poderosa organização penaliza pessoas que expressam a crença em algum meme em particular ou queimam livros que o contenham, então ele será colocado numa situação de desvantagem seletiva.
Conformidade e inovação
De forma um pouco diferente dos genes (mas não muito diferente dos genes presentes em vírus), podem aumentar em frequência simplesmente por serem populares. É o caso do apego ao tradicional e do repúdio ao novo – algo que se relaciona com um outro fator de seleção, a felicidade relativa que decorre do nível de aceitação social. Em outros casos, mais notoriamente na moda e em várias formas de arte, memes podem tornar-se populares pela razão oposta, isto é, por serem incomuns ou inovadores.
Referências
Dawkins, R. (1976) “The Selfish Gene” – Oxford University Press – Republicado em 2006.
Tarde, G (2013) “The Laws of Imitation” – London, Read Books Ltd.
sobre o autor
Marcos G. Figueira, PhD., MSc. e MBA
Sócio da Wyse e professor da Fundação Getúlio Vargas desde 2012 em cursos de MBA por todo o País.
O artigo é resultado de observações e experiências empíricas ao longo de 25 anos de prática profissional e baseadas em pesquisas e publicações em Journals acadêmicos de alto impacto, sempre Qualis 1 ou 2.
Em referências acadêmicas/bibliográficas por favor utilize: Figueira, Marcos G.
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